Sobre comunicação...
O estabelecimento de comunicação com os outros inicia-se precocemente e vai-se desenvolvendo ao longo de toda a infância, adolescência e adultez.
Inicialmente, fazemo-los por gestos e sons e passamos, progressivamente, a fazê-lo de modo eficaz, a partir da comunicação verbal.
Ao longo dos anos, a forma como falamos com os outros e também o modo como interpretamos as mensagens que nos passam depende de muitos fatores e, principalmente, de pautas que vamos criando e que nos permitem dar sentido e interpretar a realidade.
Assim, parece importante pensarmos que a nossa comunicação está sempre presente nos diversos contextos e é, por norma, a grande mais valia para o estabelecimento de relações interpessoais gratificantes e bem sucedidas.
Por outro lado, pode ser na comunicação que reside o maior obstáculos à interação social, sobretudo nas relações mais frequentes.
Dicas para estabelecer uma comunicação eficaz:
1. Expressar-me assertivamente
A assertividade permite a expressão dos meus direitos, opiniões, afetos e emoções, de modo claro, respeitando e não invandindo o espaço do outro.
2. Lembrar-me de que o que transmito reflete a minha perspetiva
O que penso, sinto e faço diz respeito às minhas crenças e valores. Por isso, tudo o que expresso é, por norma, de acordo com os meus padrões e perspetivas, que podem não corresponder à expetativa e modo de entender a realidade do outro.
3. Não assumir que o que digo é uma verdade absoluta
Por ser idiossincrático, aquilo que penso, verbalizo e transmito aos outros não tem de, necessariamente, ser o mais correto ou corresponder a uma verdade absoluta. Então...
4. Procurar, identificar e interpretar o feedback do outro
Devo prestar verdadeira atenção aos sinais que os outros me transmitem, verbal e não verbalmente...
5. Saber ouvir
Ouvindo sempre a sua opinião e perspetiva.
6. Não tomar como um ataque a expressão de opiniões diferentes
A expressão de ideias diferentes não é um ataque pessoal mas sim um direito de todos nós. Da assertividade advém a capacidade de dizer "não" e discordar de muito do que nos é dito.
7. Ajustar as minhas expetativas
Aquilo que eu idealizo ou espero dos outros é da minha responsabilidade. Por isso, sempre que a comunicação reside num debate de opiniões contrárias, a minha "desilusão" com o que me é dito terá, em primeira instância, a ver com a expetativa que eu criei e com o que eu antecipo do outro. E que, mais uma vez, não tem de ser uma assunção absoluta.
8. A comunicação não é uma competição: não preciso de ganhar sempre
Como costumamos dizer: "a falar é que nos entendemos". Por isso, vamos deixar a razão de lado. Não importa quem a tem. Importa, sim, que possamos livremente expressar elogios, desagrado, ideias e perspetivas sem que esta expressão seja uma violação ao direito dos outros mas, sim, que contribua para que possamos aprender, todos os dias, mais um bocadinho.

Inês Sampaio Figueiredo
Psicóloga Clínica